Moral e história
1 – Caráter Histórico da Moral
Se por moral entendemos um conjunto de normas e regras destinadas a regular as relações dos indivíduos numa comunidade social dada, o seu significado, função e validade não podem deixar de variar historicamente nas diferentes sociedades. Assim, como umas sociedades sucedem a outras, também as morais concretas, efetivas, se sucedem e substituem umas às outras. A moral é histórica porque é um modo de comportar-se do homem, que por natureza é histórico, cuja característica é a de estar-se fazendo ou se autoproduzindo constantemente tanto no plano de sua existência material, prática, como no de sua vida espiritual, incluída nesta a moral. É preciso acentuar o caráter histórico da moral em conseqüência do próprio caráter histórico-social do homem. Embora seja verdade que o comportamento moral se encontra no homem desde que existe como tal, ou seja, desde as sociedades mais primitivas, a moral muda e se desenvolve com a mudança e o desenvolvimento das diversas sociedades concretas.
2 – Origens da Moral
A moral só pode surgir quando o homem supera a sua natureza puramente natural, instintiva, e possui já uma natureza social: isto é, quando já é membro de uma coletividade. Como regulamentação do comportamento dos indivíduos entre si e destes com a comunidade, a moral exige necessariamente não só que o homem esteja em relação com os demais, mas também certa consciência desta relação para que se possa comportar de acordo com as normas ou prescrições que o governam. Mas esta relação de homem para homem, ou entre o indivíduo e a comunidade, é inseparável da outra vinculação originária; a que os homens mantêm com a natureza ambiente, procurando submetê-la. A necessidade de ajustar o comportamento de cada membro aos interesses da coletividade leva a que se considere como bom ou proveitoso tudo aquilo que contribui para reforçar a união ou a atividade comum e, ao contrário, que se veja