Morais empresariais
Toda ética é altruísta, mas nem todas as morais o são. O esforço principal da reflexão ética consiste em exorcizar o egoísmo.
1. A ambivalência empresarial
2. Numa economia competitiva, os empresários não têm como deixar de considerar os interesses díspares de seus stakeholders. Porque mercados abertos, aliados a regimes políticos liberais, conferem enorme poder de fogo àqueles que se organizam. Por exemplo, nos últimos anos, os clientes reuniram as condições para recorrer:
3. Aos concorrentes, boicotando as empresas inidôneas ou socialmente irresponsáveis.
4. As agências de defesa dos consumidores, fiscalizando e pressionando quem vende bens e presta serviços.
5. À Justiça, visando a ressarcir-se de eventuais danos materiais e morais.
6. A mídia, expondo a imagem das empresas irresponsáveis à execração pública.
7. A mesma coisa se aplica aos acionistas minoritários, gestores, trabalhadores sindicalizado, associações de moradores, organizações não-governamentais, movimentos ambientalistas. Todos eles podem valer-se desses e de outros canais e instrumentos de pressão — abaixo-assinados, convencimento de parlamentares, piquetes, demonstrações de rua, cartas a autoridades, lobbies, mesas-redondas, denúncias pela lnternet e assim por diante.
8. É bem verdade que isso perde boa parte de seu sentido numa economia oligopolista ou numa economia estatista, assim como deixa de ser viável em países cujos regimes políticos são autoritários ou totalitários. Porquanto as pressões possíveis, em ambientes semifechados ou fechados, têm pernas curtas; ou ainda, ficam circunscritas àqueles que ocupam os cumes das organizações. Na dimensão política, não é difícil perceber o porquê: as possibilidades de manifestação da população são minimizadas, quando não anuladas, já que a mídia vive amordaçada e a Justiça manietada. Na dimensão econômica, tanto as economias mistas (típicas da segunda metade do século XX) como as economias de comando à moda soviética