Moradores do edifício copan
Era uma montanha alta, com neve nas pontas e ventava frio. Ela estremeceu, olhou para o horizonte, tendo a visão ofuscada pela luz do sol, que se refletia na superfície branca. Pegou seu snowboard e desceu a pista quando... TRIM! O alarme tocou: tinha que trabalhar. Mais um sonho havia entrado para sua coletânea. Ela era criativa, vivia a sonhar acordada e não podia evitar a alienação, fruto desses pensamentos. Já era a terceira vez que ele passava por ali naquele dia. Chegou novamente em seu carro, desceu do veículo e foi em direção à entrada. Àquele movimento, Isabel esticou a mão, alcançou a maçaneta e puxou a porta de vidro para o homem. Ele a olhou nos olhos e sorriu, ao que ela respondeu com um sutil gesto em torno do lábios e um “olá, senhor Luís”. A rotina dela se limitava a abrir a porta de entrada, trocar algumas palavras rápidas com os moradores e conversar com os colegas, em sua maioria faxineiras e seguranças. Esta era sua labuta diária. Já estava acostumada com o ruído da dobradiça, mas não entendia sua própria função se podia ser facilmente substituída por sensores e máquinas automáticas que fariam o serviço do mesmo modo. Sentia-se analógica em um mundo digital. Entretanto, para o homem, ela o fazia com gosto. Ele, Luís Felipe Albuquerque, tinha mais ou menos a mesma idade dela, era filho de um dos sócios, alto, calvo e muito respeitoso com todos. Ele era ocupado, mas dispunha de parte de seu tempo para jogar conversa fora com aqueles que conviviam no local. Foi através desse gesto respeitoso do homem que ele e Isabel desenvolveram certo nível de simpatia e amizade. Ele se sentia muito atraída por ela, pois, apesar de já ter idade, ainda era muito bela, delicada e confiante. O sentimento era recíproco, apesar das notáveis diferenças sociais entre eles. Os turnos delas eram, de quando em quando, substituídos por o de outra funcionária quando, por uma razão qualquer, eles passavam a tarde juntos. Conforme essa relação foi