Montesquieu, na elaboração de suas obras, procurou afastar-se de teorias abstratas e dedutivas, procurando abordagens descritivas e comparativas. Sempre evitou tirar suas conseqüências e nunca desejou qualquer revolução. Montesquieu é acusado por isso de ser um homem de idéias, mas sem sentimentos, um cérebro sem coração. Ele pensava, mas não tomava causa. Ele não põe seu pensamento a serviço de interesses ou ódios. O que o diferencia dos Enciclopedistas, são algumas conclusões adotadas pelo próprio. Renunciou-se às grandes considerações e às máximas universais para examinar a minúcia e o puro jogo das forças naturais. Seu objetivo era o de instruir os homens. Em seu primeiro grande sucesso, “Cartas Persas”, o autor relativiza valores de uma civilização por meio de uma comparação com os valores de outra, muito distintos. O romance foi feito com base num recurso bastante usual na época: foi um romance epistolar no qual alguém dizia ter encontrado um conjunto de cartas que ali fazia publicar. Nesse caso, era publicada a correspondência de dois persas que, em viagem a Paris, emitiam suas opiniões e contavam sobre o que viam no Ocidente. O autor utiliza-se de um texto cheio de ironia e humor para denunciar um mundo de mentiras. Nesse momento se vê apenas uma recusa, por parte de Montesquieu, do mundo em que vive e que expressa seu pensamento positivo. Para a composição da sua obra prima, “Do Espírito das Leis”, Montesquieu usa-se de conhecimentos adquiridos desde a juventude e sua carreira de estudioso, o qual confrontava, antecipadamente, em suas viagens, com a realidade. Nessa obra ele tinha a pretensão de analisar extensa e profundamente a estrutura dos fatos humanos e formular um esquema interpretativo do mundo histórico, político e social. Nele, o autor exclui toda a intencionalidade religiosa ou moral de suas análises e supera a perspectiva metafísica presente no pensamento cartesiano. Ele toma suas observações, pratica a análise comparativa dos fatos e