Monica
E NOVAS PAISAGENS
ÉTNICAS E CULTURAIS
Maria Lucinda Fonseca
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II
II IMIGRAÇÃO, DIVERSIDADE E NOVAS PAISAGENS ÉTNICAS E CULTURAIS
A
tendência para o aumento de volume e a crescente diversidade dos fluxos migratórios internacionais, observada a partir da Segunda Grande Guerra, constitui um dos principais agentes de transformação das sociedades e dos territórios do futuro.
Portugal, um dos estados-nação mais antigos da Europa e, tradicionalmente, um país profundamente marcado pela emigração, nos últimos trinta anos, à semelhança do que aconteceu noutros países da Europa do Sul, registou um assinalável aumento da imigração e, por essa via, tem vindo também a transformar-se num Estado multiétnico e multicultural.
Neste capítulo, analisa-se a evolução da imigração para Portugal e alguns dos seus efeitos na diversidade étnica e cultural da população residente no País, com particular destaque para a Área Metropolitana de Lisboa, por ser aquela que apresenta maior proporção de residentes não nacionais e de minorias étnicas descendentes de imigrantes.
Imigração e diversidade da população portuguesa
Antecedentes: da emigração à imigração
A integração de Portugal no sistema migratório europeu iniciou-se timidamente nos anos cinquenta do século passado, no rescaldo da Segunda
Guerra Mundial, ao mesmo tempo que se encerrava o longo ciclo de emigração transatlântica, em que o Brasil foi o principal destino. A mudança de rumo da emigração portuguesa ocorreu em simultâneo com um vasto conjunto de transformações económicas e sociais que prenunciaram o fim do
Império colonial e a progressiva aproximação à Europa. Acontecimentos marcantes como a adesão à EFTA e o começo da Guerra Colonial, ao mesmo tempo que se iniciava o ciclo da emigração europeia, se davam os primeiros passos na industrialização e o êxodo rural alimentava o crescimento de Lisboa e do Porto, dão testemunho inequívoco desse processo de reestruturação da