Modernidade e pós-modernidade
Vitangelo Plantamura
Universidade Federal do Rio Grande, Brasil INTRODUÇÃO
Entendemos que, uma vez que a fragmentação, a efemeridade, a atenção às superfícies tornam-se as qualidades da vida pós-moderna, não estamos diante de simples debates teóricos e acadêmicos, significa que as nossas escolhas teóricas não são neutras ou arbitrárias. As abordagens teóricas que adotamos têm respaldo em concepções epistemológicas da realidade, em estreita articulação com as relações sociais concretas. Assumir tal pressuposto é essencial para quem faz da educação sua profissão, uma vez que o ato de educar implica em uma prática social que não é neutra e nem arbitrária. É mister para o profissional da educação adquirir uma lucidez intelectual e assumir uma postura epistemológica que questione sua realidade educacional e lhe permita escapar das armadilhas de um moralismo voluntarista que conduz a adotar posições contra ou a favor, de um relativismo que conduz a uma epistemologia fastfood, de determinismos estruturais, de reducionismos que empobrecem a complexidade do humano.
CONHECIMENTO E HUMANIZAÇÃO ENTRE INCERTEZAS E RELATIVISMOS
Iniciar uma caminhada que objetiva elaborar uma proposta teórico-metodológica que seja base de um processo de competência para o profissional da educação exige um desafio inicial de situar o contexto de crise dos paradigmas nas ciências sociais.
Para auxiliar na compreensão da problemática das transições que assistimos hoje, servimo-nos principalmente das idéias do sociólogo italiano Domenico De Masi (1999), que retrata com muita propriedade a sociedade pós-industrial, de Harvey (1994), com sua resistência a todo movimento que aniquile a esperança e a utopia da humanidade, e de Santos (2000a e 2000b), cuja análise da transição entre modernidade e pós-modernidade bem ilustra a histórica hegemonia e a atual crise da racionalidade técnica. A complexidade da realidade