modelo calgary
A família como unidade caracteriza-se essencialmente pelas inter-relações estabelecidas entre os seus membros, num contexto específico de organização, estrutura e funcionalidade. Neste sentido, o pensamento sistémico constitui-se como um paradigma na concepção dos cuidados À família, permitindo a compreensão multidimensional da sua complexidade, instabilidade, globalidade, contextualidade, organização, diversidade e outros aspectos inerentes ao sistema familiar. A compreensão da família a partir deste paradigma permite-nos conceituá-la num contexto de diversidade que ultrapassa a visão de família nuclear, acompanhando a evolução do conceito de família “modificado e reconstruído a par da evolução dos contextos e estruturas sociais”.
Apesar dos processos de transformação da estrutura e da organização familiar, a família mantém-se como unidade emocional e afetiva, caracterizando-se essencialmente pelas suas dimensões psicológica e social, relacionadas também com a aprendizagem de comportamentos de saúde. As famílias continuam a serem espaços privilegiados de cuidados de suporte à vida e à saúde dos seus membros, constituindo-se elas mesmos como unidades dotadas de energias com capacidade auto-organizativa. Em algumas situações de crise, nomeadamente em crise acidental que implique internamento de um dos membros, pode este potencial ficar bloqueado e a família manifestar dificuldades em se reorganizar. Emerge também daí a importância do trabalho dos enfermeiros tomando-se como foco os cuidados à família.
Reportando-nos ao modelo sistémico como paradigma de abordagem da família, a saúde é considerada na perspectiva do bem-estar familiar, integrando processos de etroalimentação num continuum entre estabilidade e mudança que permite transformações na estrutura do sistema familiar, mantendo a sua organização e conferindo-lhe um desenvolvimento próprio com uma sequência natural ao longo do seu ciclo de vida.
A enfermagem de família