Moda
Se por 'xamã' se entender qualquer mago, feiticeiro, medicine-man ou extático [a tradução para oportuguês acrescenta ainda "curandeiro" e "pajé"] encontrado ao longo da história das religiões e da etnologia religiosa, chegar-se-á a uma noção ao mesmo tempo extremamente complexa e imprecisa, cuja utilidade é difícil perceber, visto já dispormos dos termos 'mago' e 'feiticeiro' para exprimir noções tão díspares quanto aproximativas como as de 'magia' ou 'mística primitiva'.
Magia e magos há praticamente em todo o mundo, ao passo que o xamanismo aponta para uma 'especialidade' mágica específica [...] : o 'domínio do fogo', o vôo mágico etc. Por isso, embora o xamã tenha, entre outras qualidades, a de mago, não é qualquer mago que pode ser qualificado de xamã. A mesma precisão se impõe a propósito das curas xamânicas: todo medicine-man cura, mas o xamã emprega um método que lhe é exclusivo. As técnicas xamânicas do êxtase, por sua vez, não esgotam todas as variedades da experiência extática registradas na história das religiões e na etnologia religiosa; não se pode, portanto, considerar qualquer extático como um xamã: este é o especialista em um transe, durante o qual se acredita que sua alma deixa o corpo para realizar ascensões celestes ou descensões infernais.
Sem Logo (Naomi Klein – editora Record)
Em geral, os relatos sobre essa teia global de logos e produtos são expressos na euforia retórica de marketing da aldeia global, um lugar incrível, onde tribos das mais remotas florestas tropicais digitam em laptops, avós sicilianas conduzem E-business e “adolescentes globais” compartilham, pedindo emprestada uma expressão de um site da Levi’s, “uma cultura de estilo mundial”. Todo mundo, da Coca-Cola ao McDonald’s e à Motorola, montou sua estratégia de marketing em torno dessa visão pós-nacional, mas é a velha campanha da IBM, “Soluções para um mundo pequeno”, que