Moacir sclyar
Foi um ficcionista de primeira linha e conseguiu a proeza de ganhar quatro vezes o maior prêmio literário do Brasil, o Jabuti. Apesar de tão premiado, mantinha uma postura simples. Apreciava as rodas literárias, sem se deixar contaminar por uma vaidade que atinge a quem tem mais pose do que talento. Não era o seu caso. Era desde 2003 membro da Academia Brasileira de Letras por méritos próprios, não por ser amigo desse ou daquele acadêmico.
Autor de mais de 70 livros, traduzido para mais de 40 idiomas, transitou pelo romance, o conto, o ensaio e a filosofia com uma fluência espantosa. Os seus temas prediletos eram a tradição judaica, vista de uma forma rica e instigante, a medicina e a sociedade como um todo, com suas injustiças e a sua rude realidade vindo à tona e o movendo em direção a ela.
Durante anos, manteve na “Folha” coluna de ficção baseada em notícias publicadas no próprio jornal dias antes. E os fatos que o tocavam iam das ocorrências policiais a situações pitorescas. Scliar possuía humor fino e que apanhava no ar situações aparentemente banais para transformá-las em crítica narrada.
Filho de José e Sara Scliar, Moacyr nasceu no Bom Fim, bairro que concentra a comunidade judaica. Alfabetizado pela mãe, professora primária, a partir de 1943 cursou a Escola de Educação e Cultura, daquela cidade, conhecida como Colégio Iídiche. Transferiu-se, em 1948, para o Colégio Nossa Senhora do Rosário (católico).
Em 1963, após se formar pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, iniciou sua vida como médico, fazendo residência médica. Especializou-se no campo da saúde pública como médico sanitarista. Iniciou os trabalhos nessa área em 1969. Em 1970, frequentou curso de pós-graduação em medicina em Israel. Posteriormente, tornou-se doutor em Ciências pela Escola Nacional de Saúde Pública. Foi professor da disciplina de medicina e comunidade do curso de medicina da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA).