Mitos e verdades em ciência e religião: uma perspectiva histórica
Quando o tema é “Mitos e Verdades na Ciência e na Religião”, é lamentável o fato de que após anos, décadas de pesquisas realizadas por historiadores na História da Ciência e da Religião, os mesmos mitos antigos que temos corrigido repetidamente continuam a ter vida própria e a ser amplamente conhecidos pelo público em geral. Um dos maiores desafios, eu creio, para retificar a compreensão do público acerca da ciência e da religião atualmente é esclarecer os mitos que ainda persistem desde o passado.
O público leigo, na medida em que pensa de alguma maneira a respeito dos problemas relacionados à ciência e à religião, tem a certeza de que a religião institucionalizada sempre se opôs ao progresso científico; testemunhas disso são Copérnico, Galileu, Darwin, Freud, John Thomas Scopes. Eles sabem que a ascensão do Cristianismo exterminou a antiga ciência, que a Igreja Cristã Medieval suprimiu o crescimento da Filosofia Natural, que os cristãos medievais ensinavam que a Terra era plana, que a Igreja proibiu autópsias e dissecações durante a Idade Média e o Renascimento.
Por outro lado, os religiosos sabem que a ciência teve papel preponderante na corrosão da fé por intermédio do Naturalismo e do antibiblicismo. Se quisermos que o público passe a ter uma visão renovada no que concerne ao relacionamento entre ciência e religião, acredito que devamos dissipar os antigos mitos que continuam a se passar por verdades históricas. E aqui devo deixar claro que me refiro a “mitos” no seu bom e antigo sentido original, como ficção ou meia-verdade, não no sentido dos complexos estudos antropológicos e religiosos; assim, deixemos isso já definido.
A comunidade acadêmica vem debatendo amplamente a melhor forma de caracterizar a relação histórica entre ciência e religião, e nenhuma generalização tem sido mais sedutora do que a do conflito. De fato, os dois livros mais lidos sobre a história da ciência e o