Mito e Cultura Introdução a Filosofia
Irley F. Franco e Danilo Marcondes
Departamento de Filosofia – PUC-Rio
Claude Lévi-Strauss
“É preciso ser muito ingênuo ou muito desonesto para imaginar que os homens escolhem suas crenças independentemente de sua situação”. Tristes Trópicos (1955) cap. 16.
“No caso das cidades européias, o passar dos séculos lhes traz uma melhoria; já no caso das cidades americanas, o passar dos anos lhes traz degeneração. Não é simplesmente porque foram recentemente construídas, mas porque foram construídas para serem renovadas tão logo houvessem sido erigidas, e isso é muito ruim”. Tristes Trópicos (1955) cap. 9.
Muitos estudiosos do século XX e das mais variadas áreas do conhecimento —por exemplo, Claude LéviStrauss, Ernst Cassirer, Mircea Eliade, Joseph Campbell, Carl Gustav Jung, Roland Barthes, dentre outros— mostraram a relevância do mito no mundo moderno.
O antropólogo Claude Lévi-Strauss, considerado o fundador da antropologia estruturalista, em seu
“estudo estrutural do mito”, afirma que os mitos desempenham um papel fundamental para todas as sociedades, e que leis universais o governam.
Segundo Lévi-Strauss, os mitos apresentam um paradoxo: por um lado, as histórias míticas são fantásticas e imprevisíveis; por outro, quando comparados, os mitos das mais diferentes culturas mostram uma semelhança:
“Por um lado, temos a impressão de que no decorrer de um mito qualquer coisa pode acontecer. [...] Por outro, essa aparente arbitrariedade é desmentida pela estarrecedora similaridade entre mitos coletados nas mais distantes e diversas regiões. O problema é: se o
conteúdo de um mito é contingente [isto é, arbitrário) como se explica o fato de os mitos do mundo inteiro serem semelhantes?” (Lévi-Strauss em Antropologia Estrutural.)
Para solucionar o paradoxo, Lévi-Strauss defendeu a tese de que os mitos são governados por leis universais, podendo cada mito, separadamente, parecer único, enquanto instância particular de uma