milagre economico
O “MILAGRE” BRASILEIRO
CRESCIMENTO ACELERADO, INTEGRAÇÃO INTERNACIONAL E
DISTRIBUIÇÃO DE RENDA 1967-1973#
Fabio Sá Earp e Luiz Carlos Prado*
Introdução: o Debate sobre a Crise Econômica Brasileira no Início da Década de 1960.
Os primeiros anos da década de 1960 marcaram o fim de um período de crescimento acelerado na economia brasileira. Desde o fim da Segunda Guerra Mundial, por quinze anos, a taxa média anual de crescimento do PIB do Brasil foi uma das maiores do mundo. Esta economia expandia-se a um ritmo superior a qualquer de outro país latino-americano, sendo superado no ocidente apenas pela Alemanha e no oriente pelo Japão e pelas ainda pequenas economias da Coréia do Sul e de Taiwan. A taxa média anual de crescimento da economia brasileira foi de 6.3% entre 1946 e 1960; a da Alemanha 10.5%, a do Japão, 9.1%; a da
Coréia do Sul 6.5%, a de Taiwan, 7.6% (Maddison, 1997).
Entre 1963 e 1967 o crescimento econômico brasileiro caiu à metade (ver Quadro 1), o que gerou um acirrado debate sobre a natureza das reformas econômicas necessárias para retomar as taxas históricas de expansão da economia. Esse debate tinha duas questões centrais. Porque o modelo de desenvolvimento baseado na substituição de importações tinha perdido dinamismo? E que mudanças na política econômica e que reformas institucionais seriam necessárias para viabilizar a continuidade do processo de desenvolvimento no Brasil?
Em ambos os caos pode-se mencionar duas interpretações principais e em quase tudo antagônicas. Os economistas chamados de estruturalistas, ou cepalinos, consideravam que características herdadas da antiga inserção brasileira na economia internacional, baseada na exportação de produtos primários tropicais, e os mecanismos que promoviam a crescente concentração de renda no Brasil, em especial a estrutura fundiária, estava na origem da perda
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Trabalho publicado em Jorge Ferreira e Lucília A. N. Delgado (orgs), O Brasil Republicano, volume 4, O