Michel Foucault - Estruturalismo
Foucault, como tantos outros da sua geração, não deixou de mergulhar nesse caldeirão do pensamento europeu. No entanto, a sua relação com o estruturalismo é complexa. Em um primeiro momento, no auge do movimento estruturalista (1966), Foucault torna-se conhecido e festejado mundialmente com o lançamento do livro As Palavras e as Coisas. Esse livro caracterizou-o como um pensador estruturalista, pois suas pesquisas procuravam evidenciar o “sub-solo de nossa consciência moderna”, “o sistema” que perdurou na cultura ocidental do século XVI ao século XIX. Ele estava, como muitos nos anos 60, altamente influenciado pelas idéias que embalavam o pensamento francês: as estruturas de parentesco propostas por Lévi-Strauss, a “afirmação” do inconsciente lacaniano e o materialismo estrutural desenvolvido por Louis Althusser. Em um segundo momento, no espaço que separa esse livro do próximo (A Arqueologia do Saber, em 1969), Foucault tentará, a todo custo, redirecionar sua postura filosófica, recusando toda e qualquer relação com o estruturalismo. Vejamos mais de perto esses encontros e desencontros.
Algumas entrevistas da obra Dits et Écrits nos oferecem a oportunidade de cartografar os momentos mais e menos estruturalistas de Foucault. Quando perguntado, em uma dessas entrevistas, se era o “sacerdote” do estruturalismo