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Dermeval Saviani **
Sabe-se que a educação é um fenômeno próprio dos seres humanos.
Assim sendo, a compreensão da natureza da educação passa pela com preensão da natureza humana. Ora, o que diferencia os homens dos de mais fenômenos, o que o diferencia dos demais seres vivos, o que o di ferencia dos outros animais? A resposta a essas questões também já é conhecida. Com efeito, sabe-se que, diferentemente dos outros animais, que se adaptam à realidade natural tendo a sua existência garantida na turalmente, o homem necessita produzir continuamente sua própria existência. Para tanto, em lugar de se adaptar à natureza, ele tem que adaptar a natureza a si, isto é, transformá-la. E isto é feito pelo traba lho. Portanto, o que diferencia o homem dos outros animais é o traba lho. E o trabalho se instaura a partir do momento em que seu agente an tecipa mentalmente a finalidade da ação. Conseqüentemente, o trabalho não é qualquer tipo da atividade, mas uma ação adequada a finalidades.
É, pois, uma ação intencional.
Para sobreviver o homem necessita extrair da natureza ativa e intencional mente os meios de sua subsistência. Ao fazer isso ele inicia o processo de transformação da natureza, criando um mundo humano (o mundo da cultura).
Dizer, pois, que a educação é um fenômeno próprio dos seres humanos significa afirmar que ela é, ao mesmo tempo, urna exigência de e para o processo de trabalho, bem como é, ela própria, um processo de trabalho.
Assim, o processo de produção da existência humana implica, primei ramente, a garantia da sua subsistência material com a conseqüente pro dução, em escalas cada vez mais amplas e complexas, de bens materiais; tal processo nós podemos traduzir na rubrica “trabalho material”. En tretanto, para traduzir materialmente, o homem necessita antecipar em idéias os objetivos da ação, o que significa que ele representa mental mente os