Meu eu raskolnikov

Meu rol de personagens favoritos é vasto e repleto de personalidades as mais variadas e díspares, de James Marcus, personagem do livro Sobre meninos e Lobos de Dennis Lehane, de Zezé do livro Meu Pé de Laranja Lima do José Mauro de Vasconcellos,Iago de Hamlet, Caio Otávio de Allan Massie, Arturo Bandini de Pergunte ao pó até Christian Beltorio, personagem de uma série de contos meus.
Contudo, raros personagens literários me impressionam e me marcaram tanto quanto alguns diletos dostoievskianos:como é o caso de Raskólnikov . Seja pela personalidade afetada por ideias e sentimentos violentamente contraditórios, não raro paradoxais, que por vezes os consomem intelectual, moral e psicologicamente;os personagens de Dostoiévski quase sempre são indivíduos extremamente complexos e atormentados por viverem em conflito consigo e com o mundo, indo de uma progressão psicolóliga até a caracterização que faz com que eles sejam tão perturbadoramente humanos.
Desse terreno literário tão excepcional é Raskólnikov o conquistador dos louros da vitória como meu favorito, por diversos aspectos, dentre os quais ressalto os quatro principais: é o primeiro grande personagem dostoievskiano com o qual me deparei – portanto, me abriu as portas para uma experiência literária e psicológica impactante; seu peculiar comportamento bipolar e/ou psicótico e é uma das mostras do quanto Dostoiévski foi um “escritor psicólogo”, por vezes rompendo o limite entre arte e psicologia , seu estudo da alma humana; e também porque me identifico profundamente com o personagem em certos aspectos cujo esclarecimento não compete ao presente post. Protagonista de Crime e Castigo, nosso anti-herói é um estudante em condições miseráveis, tomado pela fixação em uma teoria pretensamente revolucionária que concebe e comete um crime para, fundamentalmente, pôr-se à prova em relação à mesma.
São impasses que só se resolverão espiritualmente, através do que podemos denominar, numa definição simplista, de dor ou