Metodologia da Língua Portuguesa II - Unidade 3
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De repente, pais jovens, que sempre se consideravam modernos e liberais, já não conseguem compreender a filha. As ideias, os valores, a linguagem, as roupas, o cabelo... tudo parece estar tão distante...Conflito de gerações? Pais Por casualidade, os três ficaram lado a lado na igreja. Tinha mais ou menos a mesma idade do pai da noiva. Que acabara de passar por eles, radiante com a filha pelo braço, a caminho do altar. - É – disse um deles -, esse deu sorte. Os outros dois concordaram, com ruídos indefinidos. - A minha se juntou. - A minha já declarou, textualmente, que casamento não tá com nada. - Pior é a minha. - Ah, é? - Casou num ritual novo aí. Nem sei que religião é. No meio do campo. Eu me recusei a ir. A mulher foi e voltou com urticária. - A minha avisou que tinha se juntado quando já estavam juntos. Achou que eu gostaria de saber. Não gostei. - Eu estou tentando convencer a minha filha a casar. Não importa com quem. Desde que tenha cerimônia. Já disse até que eu forneço o noivo. Pago o vestido, pago a igreja, pago o coro, pago a festa e a lua-de-mel e ainda entro com o noivo. Sabe o que ela me diz? - Sei. - “Burguesão”. - É. A minha disse que talvez até se case um dia, quando os filhos tiverem idade para carregar cauda do vestido. Quer dizer, ainda nos gozam. - Querem nos matar. Querem nos matar. - E eu que sonhava com essa cena? - Nem me fala. - Sou capaz até de alugar uma igreja, contratar a música, botar uma fatiota e desfilar sozinho pelo corredor. Só para ter a sensação. - Acho que a gente deveria fazer um trato. O primeiro da nossa geração que tivesse uma filha disposta a casar na igreja, com vestido e tudo, convidaria os outros para entrar junto com ela na igreja. Cada um desfilaria uma determinada distância de braço com a noiva, depois passaria para outro, e assim até o altar. ( Veríssimo, Luiz Fernando. Zoeira. Porto Alegre: L&PM, 1996. p 16-17 )
Considerando-se os estudos sobre Gêneros Textuais, é CORRETO