Mestrando
Não quero lhe falar, meu grande Amor, das coisas que aprendi nos discos (livros). Quero lhe contar como vivi e tudo que aconteceu comigo.
(BELCHIOR, 1976)
Imagine que você estivesse, desde o dia do seu nascimento, acorrentado1 diante de uma televisão. Imagine que nunca tivesse saído de frente de uma TV! Que, mesmo pensando não estar diante de uma TV, você ouvisse vozes e visse imagens que, no fundo, no fundo, repetissem o conjunto de ideias que se percebe rotineiramente nas telas das TVs. Imagine agora que tudo isso fosse tido por você como o real: o mundo chamado real. Que esse mundo real reproduzisse a imagem de uma cidade imunda, quente, violenta, insegura, crente, corrupta, dependente do governo de falsos sábios, despedaçada, mesquinha, injusta e dilacerada.
“Por isso cuidado meu bem há perigo na esquina, eles venceram e o sinal está fechado pra nós que somos jovens...”
Agora, imagine o que aconteceria se um desses prisioneiros se soltasse. Imagine a arte2 de uma força poderosa, interna e bela, impulsionando esse prisioneiro a se livrar dessas algemas e, ele, diante de tal estímulo, resolvesse arriscar e fugir de sua TV e de todo o conjunto de falsas ideias3 que ela apresenta e representa.
Agora liberto ele percebe que estava tratando como real, o falso. Longe da luminosidade da TV percebe a luminosidade do mundo. É aqui, nessa pesquisa, onde investigo que força poderosa é essa que livrou nosso amigo da “escuridão”... Para essa pesquisa usamos o livro O Banquete de Platão, onde o autor nos aponta o caminho para encontramos o Amor, essa força poderosa na qual todo prisioneiro pode se libertar. No Livro, Platão narra uma série de discursos sobre o Eros, que aconteceram num banquete na casa de Agatão. Estavam presentes Aristodemo, amigo e discípulo de Sócrates, que não pronunciou nenhum discurso, mas, é através de seu relato que ficamos sabendo sobre os discursos4. O primeiro é o de Fedro um jovem retórico discípulo do grande