Mercado de Capitais
O PROCESSO DE FORMAÇÃO DA TAXA DE JUROS NO BRASIL
Introdução
O Brasil apresenta juros extremamente elevados. Juros permanentemente elevados significam que há, continuamente, um excesso de demanda por bens e serviços sobre a oferta que força os juros para cima para evitar aumento contínuo dos preços. No entanto, em uma economia aberta é possível reduzir o juro doméstico com a entrada de capitais. Isto é, o excesso de demanda pode ser coberto pela entrada de mercadorias e serviços passíveis de serem transacionados internacionalmente. Assim temos que nos perguntar sobre os motivos que têm impedido que a mobilidade de capital desempenhe o seu papel e contribua para a convergência do juro doméstico ao juro internacional. O objetivo desta nota é apresentar o debate sobre os juros elevados no Brasil e nos posicionarmos. É possível, na história recente, identificar dois períodos distintos na determinação da taxa de juros no Brasil. No primeiro, o risco soberano percebido pelos agentes econômicos parece que explica a maior parcela do fenômeno. Figura 1: Spread taxa pré 360 real ex ante (% a.a., eixo à esquerda) e participação percentual do Prêmio de Risco (EMBI BR, eixo à direita) no spread
A figura 1 ilustra a evolução do spread entre a taxa de juros para papeis com vencimento de um ano respectivamente no mercado interbancário brasileiro e de Londres. As taxas são reais deflacionadas pelas respectivas inflações esperadas doze meses à frente. Consideramos como medida de inflação esperada a pesquisa FOCUS conduzida pelo Banco
Central do Brasil e a pesquisa equivalente conduzida pela Universidade de Michigan para a inflação americana. O valor para o spread está representado no eixo à esquerda. No eixo à direita representamos a participação do risco país medido pelo EMBI Brasil como proporção do spread. Para facilitar a leitura do gráfico e não poluir em demasia a figura 1, na figura 2 representamos a