Mentira e democracia
Afirma o autor que a mentira "é ação positiva, articulada para enganar a plateia alvo". A definição copia a de Santo Agostinho: mentir é "dizer o contrário do que se pensa, com a intenção de enganar" (De Mendacio). A mentira, comenta uma analista, "é boa se ajuda a superar situações sociais ou políticas"(Diana Margarit). Da "nobre mentira" platônica (A República, 414b-c) aos nossos dias, o tema integra a razão de Estado. Frederico II, diz Hegel na Filosofia do Direito, perguntou em 1778 se "é permitido enganar um povo". Mas Hegel tem uma resposta maquiavélica: a plebe "engana a si mesma". O governante, se for eminente, conhece o verdadeiro e o falso, tem o direito de usá-los para garantir o Estado contra os ignaros.
Tempos atrás surgiu nos Estados Unidos o romance, escrito por um anônimo, intitulado Primary Colors (que resultou no filme Segredos do Poder). A trama é narrada pelo integrante de uma campanha presidencial. O candidato, tudo indica, seria Bill Clinton. O autor