Mentes e cerebros avariados

I. INTRODUÇÃO

Antigamente, a “loucura”, era tratada como perturbações espirituais, sendo comuns rituais para expulsar demônios e até mesmo o isolamento desses doentes, afastando o convívio com a sociedade.

Segundo Gonçalves e Sena (2001), o enfoque da loucura como doença e da psiquiatria como especialidade médica é recente na história da humanidade, aproximadamente 200 anos. A partir do século XVIII é que, o homem inventou uma nova maneira de se perceber, uma nova maneira de vivenciar a condição humana. A loucura sempre existiu independente do século, assim como o lugar para tratá-la, templos, domicílios e instituições, porém a instituição psiquiátrica é uma construção do século XVIII.

O retorno ao método científico e racional foi testemunhado graças às grandes mudanças propiciadas pelo período da Renascença. A ênfase passou a ser aplicada na anatomia e na fisiologia, e os médicos enfatizaram o tratamento físico dos distúrbios mentais. Surgiu uma nova filosofia social e política para os problemas da doença mental, adotada por Philippe Pinel (1745-1826), médico francês considerado o pai da psiquiatria moderna. Ele enfatizava a necessidade de tratar os internos dos hospícios como seres humanos, e não como animais perigosos. Suas ideias humanizadas tiveram influência considerável nos cuidados e no tratamento de pessoas com perturbações mentais em todo o mundo civilizado. (ANTHIKAD, 2005).

No Brasil, no final da década de 70, dava início a Reforma Psiquiátrica. Neste momento se questionava o modelo psiquiátrico vigente e, assim, houve a ruptura da instituição manicomial e seu sistema coercitivo, violento e intolerante.

Os transtornos mentais (TM) incluem-se entre as patologias de alta incidência, difícil identificação e prognósticos variados. Os transtornos psiquiátricos na comunidade, estudados como morbidade, são mais frequentes na população feminina, aumentam com a idade e apontam para um excesso no estrato social de baixa renda. Estudos têm