Menino do Mato - Manoel de Barros
Esta nova obra poética está configurada em duas metades – ‘Menino do Mato’ e ‘Caderno de
Aprendiz’. A segunda parte do livro é estruturada essencialmente por versos concisos, mas nem por isso desprovidos de energia imagética e de riqueza de sentidos.
Este livro resgata a figura do Menino, presente em obras anteriores, o qual sempre ressurge a cada criação do poeta.
As figuras desconexas e plurais de Manoel de Barros circulam mais uma vez por Menino do Mato.
Ao se ler este volume de poesias, a primeira questão que intriga o leitor é compreender de que fonte provém toda a inspiração deste autor. Ele a credita aos seus tempos de meninice, vividos em uma fazenda em Corumbá, no Mato Grosso do Sul. Neste período ele construiu a sua famosa ‘oficina de desregular a natureza’, que continua ativa até hoje.
Os temas selecionados pelo poeta são ainda os mesmos do início – os tolos, os pássaros, o crepúsculo, Bernardo, as pedras, os cantos melodiosos dos passarinhos, o rio, os recantos despovoados, a quietude, o avô, o isolamento.
A sensação que se tem, ao ler este livro, mesmo quando já se conhece sua obra anterior, é que o
Menino é um novo personagem, recém-nascido na extremidade de seu lápis.
Presente em cada passagem do livro, o Menino está inserido em um universo distante dos centros urbanos e, portanto, suas referências e seus interesses revelam elementos naturais, estritamente do mato, que despertam os sentidos e ampliam a percepção do leitor: “A gente queria o arpejo. O canto.
O gorjeio das palavras”.
Em sua original busca, o Menino consegue o ambicionado arpejo, que nada mais é do que um acorde de notas com modulação continuada; ou, por outra, consegue expressar de modo melódico o que jamais foi dito ou o que foi dito pelo primeiro desejo: “Tipo assim: Eu queria pegar na bunda do vento. / O pai disse que vento não tem bunda. / Pelo que ficamos frustrados.”
Engana-se quem considera que os escritos de Manoel de