menino de sua mãe
No plaino abandonado
Que a morna brisa aquece,
De balas trespassado-
Duas, de lado a lado-,
Jaz morto, e arrefece.
Raia-lhe a farda o sangue.
De braços estendidos,
Alvo, louro, exangue,
Fita com olhar langue
E cego os céus perdidos.
Tão jovem! Que jovem era!
(agora que idade tem?)
Filho único, a mãe lhe dera
Um nome e o mantivera:
«O menino de sua mãe.»
Caiu-lhe da algibeira
A cigarreira breve.
Dera-lhe a mãe. Está inteira
E boa a cigarreira.
Ele é que já não serve.
De outra algibeira, alada
Ponta a roçar o solo,
A brancura embainhada
De um lenço… deu-lho a criada
Velha que o trouxe ao colo.
Lá longe, em casa, há a prece:
“Que volte cedo, e bem!”
(Malhas que o Império tece!)
Jaz morto e apodrece
O menino da sua mãe
Síntese : O plano de fundo sugerido é um campo plano aberto ao sol quente ‘’plaino abandonado/Que a morna brisa aquece’’ (vv. 1;2), que se adequa á situação do cadáver do jovem soldado morto. A sua caracterização vai sendo feita ao longo do poema (‘’De balas trespassado’’ (v.3); etc).
Quando se pretende identificar aquele que ‘’Jas morto, e arrefece.’’ (v.5) como ’’o menino de sua mãe’’ , mostra aqui uma ideia realista pois para uma mãe a perda de um filho é algo do mais trágico.
A cigarreira dada pela mãe e o lenço dado pela criada, são lembranças de quem o amava. Esses objectos tiveram tamanhã importância ao que o poeta criou uma estrofe para cada um deles: -‘’a cigarreira breve’’ pois breve foi a vida do rapaz;
-‘’a brancura embainhada/de um lenço’’ que representa a inocência/pureza do jovem soldado.
Este poema fala de um jovem soldado morto que combatia em guerra, a impossibilidade do sujeito poético poder voltar à sua infância para junto de sua mãe.