Análise do poema “O Menino de sua Mãe”
O cenário descrito é uma planície abandonada «Que a morna brisa aquece», onde jaz um cadáver de um jovem. Ou seja é transfigurada uma situação de extrema solidão, onde está abandonado um cadáver de um jovem soldado. A figura do cadáver deste jovem vai sendo ao longo do 1º momento, sugerida e caracterizada progressivamente, como se pode verificar nestes versos «De balas trespassado», «Alvo, louro, enxague». Ao identificarmos aquele jovem que «Jaz morto, e arrefece» como «menino de sua mãe» é incutir à situação um enorme dramatismo. Não há nada mais dramático e triste, que um filho morto, e ainda por cima, longe do colo de sua mãe. Filho que não tem nome, e que será sempre o «menino» de sua mãe.
O poema «menino de sua mãe» é no fundo a descrição extremamente dramática de um jovem soldado que morreu a lutar pela pátria, longe de casa, longe de tudo, longe de sua mãe. Pode ver-se na figura do jovem morto, a representação de Fernando Pessoa, que tal como o jovem «menino», o regresso ao colo de sua mãe, à infância é impossível.
Valor expressivo do presente do indicativo
O poeta ao compor/escrever tem duas dores, sentimentos, que este sente no momento da escrita, ou seja, a sua dor própria, e a dor que o sujeito poético apresenta. Por outro lado, o leitor apresente as dores/sentimentos antes da leitura e do conhecimento da obra e uma outra após a leitura. Desta forma, ao usar o presente do indicativo do verbo, permite ao leitor ter uma “dor” mais próxima de ti pois sente o que o próprio sujeito poético transmite, sentindo-a assim como sua.
Adjectivação descritiva forte
No primeiro momento do poema (primeiras duas estrofes), podemos observar que a utilização de adjectivos por parte do sujeito lírico é bastante frequente. «abandonado», «morna», «traspassado», «morto», «estendidos», «Alvo», «louro», «exangue», «langue», «cego» e «perdidos» são os adjectivos utilizados em apenas duas estrofes, o que nos dá