MEMÓRIAS PÓSTUMAS DE BRÁS CUBAS
Foco narrativo: Em 1ª pessoa.
Tempo: Há o tempo psicológico - das memórias -, com quebra de linearidade, embora diversas datas sejam citadas. Podemos dizer que Brás Cubas assume uma posição transtemporal, pois enxerga a própria existência de fora dela, de modo onisciente e descontínuo. Os fatos são narrados quando surgem na memória e várias digressões são feitas.
E há o tempo cronológico, onde os acontecimentos obedecem a uma ordem lógica: infância, adolescência, ida para Coimbra, volta ao Brasil e morte, durante o Segundo Império.
Espaço: A obra é regional (sem contudo deixar de ser brasileira), tem como foco o Rio de Janeiro.
Breve resumo do enredo: Brás Cubas, o narrador, está morto, e é dessa perspectiva que ele nos relata sua vida e nos dá um quadro de sua classe social e do mundo em que viveu, tudo num estilo ziguezagueante, coerente com a vontade de um morto caprichoso e debochado, sem qualquer compromisso com os formalismos da vida – sejam os formalismos das relações sociais, sejam os da narrativa literária.
A história é narrada com comicidade e irreverência; seja pela forma da narrativa, cheia de surpresas e desenvolvida (ou desmontada) por meio de um vaivém constante (começa pela morte do protagonista, pula para o seu nascimento e prossegue com muitos saltos); seja ainda pela representação corrosivamente irônica de um mundo social parasitário (a "alta sociedade" do Segundo Império), mundo do qual o narrador – um completo parasita – é o perfeito representante. Por trás de tanto bom humor, contudo, está uma perspectiva desencantada (o famoso pessimismo machadiano) que não só põe a nu as estruturas daquela sociedade, mas ainda deixa visível o esqueleto que suporta as estruturas da vida e da arte. Assim, Brás Cubas vai narrando, depois de morto, fatos de sua vida medíocre e sem graça, alimentando um sonho de patentear um emplasto com seu nome "Emplasto Brás Cubas". Não foi feliz no amor, não teve filhos e foi