Memorias de um sargento de milicia
1. Memórias de um Sargento de Milícias
Apareceu primeiramente em folhetins da Pacotilha, suplemento político-literário do Correio Mercantil, entre 27 de junho de 1852 e 31 de julho de 1853, sob o pseudônimo de “Um Brasileiro”. Em livro, surgiu em dois volumes, em 1854 e 1855. O enredo gira em torno de Leonardo, filho de Leonardo Pataca e de Maria da Hortaliça, e suas numerosas aventuras picarescas no Rio de Janeiro do início do século XIX. Enjeitado pela mãe e pelo pai, Leonardo é criado e amparado pelo padrinho e depois pela madrinha, mas cedo revela um temperamento folgazão e traquinas. Já homem, dá-se de amores a Luisinha, mas a jovem se casa com José Manuel, quando vê nosso herói engraçado com Vidinha. Posto entre grades pelo Major Vidigal, dali sai como praça. Pouco tempo depois, volta à prisão; com a intervenção da madrinha e de Maria, ganha novamente a liberdade e promoção a sargento de milícias. Nesse ínterim, morre José Manuel, e ele se casa com Luisinha.
2. Características
2.1 - Novela de tom humorístico que faz crônica de costumes do Rio Colonial, na época de D. João VI.
2.2 – Não há idealização das personagens, mas observação direta e objetiva. Presença das camadas inferiores da população (barbeiros, comadres, parteiras, meirinhos, “saloias”, designados pela ocupação que exercem).
Rompe a tensão bem x mal, herói x vilão, típica do Romantismo. Os personagens não são heróis nem vilões, praticam o bem e o mal, impulsionados pelas necessidades de sobrevivência (a fome, a ascensão social).
2.3 – Leonardo Pataca é o primeiro malandro da literatura brasileira. Apontado por Mário de Andrade como personagem picaresco. A crítica mais recente (Antoni Candido, A Dialética da Malandragem) vem modificando essa visão, inserindo o Leonardo Pataca na dialética “ordem” x “desordem”, e no desmascaramento das mazelas de uma sociedade caracterizada