memorial do convento
Baltasar e Blimunda vão viver para Mafra, na casa paterna (Cap. XVII, p. 210); Baltasar trabalha na construção do convento (pp. 212-213) e, quando pode, vai ao Monte Junto ver a máquina que lá deixara coberta de ramagens secas (pp. 222, 224, 265-266). Scarlatti desloca-se a Mafra para anunciar a morte de Bartolomeu em Toledo para onde fugira para escapar ao Santo Ofício (p. 224).
Trabalho no convento
Mafra simboliza o espaço da servidão desumana a que D. João V sujeitou os seus súbditos para alimentar a sua vaidade. Vivendo em condições deploráveis, os milhares de trabalhadores foram obrigados, à força de armas, a abandonar as suas casas e a erigir o convento para cumprir a promessa do seu rei e aumentar a sua glória (pp. 215-217).
Tipos de narrador
Em Memorial do Convento, o narrador é, geralmente, heterodiegético, ou seja, é exterior à história que assume a função de relatar os acontecimentos.
Surge normalmente na terceira pessoa, podendo, por vezes, assumir a primeira pessoa do plural, identificando-se então com as outras personagens.
Uma das características mais notórias de José Saramago é a utilização peculiar da pontuação.
Veja-se as passagens do discurso directo:
•eliminação do travessão e dos dois pontos;
•a substituição do ponto de interrogação e de outros sinais de pontuação pela vírgula;
•sendo o início de cada fala apenas assinalado pela maiúscula.
Capítulo XVII
Numa altura em que se passam tantos prodígios, Blimunda e Sete-Sóis têm que guardar segredo porque se assim não fosse algo lhes aconteceria. Na casa dos pais de Baltasar, Inês Antónia contou-lhes maravilhada o caso da passagem