Aprender a envelhecer
Não há pior calamidade para o homem que o prazer do sexo, dizia ele; não há flagelo mais funesto que essa dádiva da natureza. A busca desenfreada da volúpia é uma paixão possessiva, sem controle. Ela é a causa da maior parte das traições em relação à pátria, da queda dos Estados, das conivências funestas com o inimigo. Não há um crime, uma prevaricação que a concupiscência não possa inspirar. É por causa dela que se cometem violações, adultérios e outras torpezas. Se a inteligência constitui a mais bela dádiva feita ao homem pela natureza - ou pelos deuses -, o instinto sexual é seu pior inimigo. Onde reina a devassidão, obviamente não há lugar para a temperança; lá onde o prazer triunfa, a virtude não poderia sobreviver. Para fazer compreender isso melhor, Arquitas sugeria que se imaginasse um homem no auge da excitação voluptuosa. Nesse estado de extremo gozo, como poderia formular o menor pensamento, refletir ou meditar legitimamente? Assim, nada é mais detestável que o prazer. Quando ele é intenso e perdura, é capaz de obscurecer totalmente o espírito. Tais foram as palavras pronunciadas por Arquitas durante uma conversação com o samnita Gaio Pôncio (cujo filho triunfou dos cônsules Espúrio Póstumo e Tito Vetúrio em Caudinium). Meu anfitrião, Nearco de Tarento, sempre devotado a Roma, dizia-me tê-las ouvido de seus pais e seus avós. O próprio Platão de Atenas teria assistido a essa conversação: descobri que ele se encontrava de fato em Tarento durante o consulado de Lúcio Camilo e de Ápio Cláudio.
Por que contei tudo isso? Para vos fazer compreender que, se o bom senso e a sabedoria não são suficientes para nos manter afastados da devassidão, cumpre agradecer também à velhice por nos livrar dessa deplorável paixão. A volúpia corrompe o julgamento, perturba a razão, turva os olhos do espírito, se posso me exprimir assim, e nada tem a ver com a virtude. Foi a contragosto que excluí do Senado, sete anos após seu consulado, Lúcio Flaminino,