Memoriais escritos
Autos nº xxxxxxxxxx
FÁTIMA, já qualificada nos autos do presente processo, vem, por seu advogado, que esta subscreve,dentro do prazo legal, apresentar MEMORIAIS ESCRITOS, com fundamento no art. 403, § 3º, do Código de Processo Penal, pelas razões a seguir expostas:
I - DOS FATOS
Em 30-01-10, a acusada foi denunciada pela prática do crime de aborto.
Utilizando-se de seus conhecimentos de estudante de enfermagem, a acusada, acreditando que a amiga estaria sofrendo de úlcera, sugeriu que esta ingerisse um remédio. Após alguns dias, na véspera da comemoração da entrada do ano de 2005, Leila, amiga da acusada, abortou e disse ao namorado,Joel, que havia menstruado, alegando que não estivera, de fato, grávida. Desconfiado, Joel vasculhou as gavetas da namorada e encontrou, além de um envelope com o resultado positivo do exame de gravidez de Leila, o frasco de remédio para úlcera embrulhado em um papel com um bilhete da acusada a Leila, no qual ela prescrevia as doses do remédio. Munido do resultado do exame e do bilhete escrito por Fátima, Joel narrou o fato à autoridade policial, razão pela qual Fátima foi indiciada por aborto, injustamente. Visto que essa só queria ajudar a amiga que se queixava de dores no abdômen, não pensando em tal remédio como abortivo. Leila foi encaminhada para perícia no Instituto Médico Legal de São Paulo, onde se confirmou a existência de resquícios de saco gestacional, compatível com gravidez, mas sem elementos suficientes para a confirmação de aborto espontâneo ou provocado. Leila não foi ouvida durante o inquérito policial porque, após o exame, mudou-se para Brasília e não foi localizada. Regularmente processada a ação penal, o juiz, no momento dos debates orais da audiência de instrução, permitiu, com a anuência das partes, a manifestação por escrito, no prazo sucessivo de cinco dias.A acusação sustentou a