Memoria emocional
ALGUNS TEMAS EM ANÁLISE (1)
Amâncio da Costa Pinto
Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação, Universidade do Porto
Resumo
O estudo das emoções tem tido um grande impacto nos anos 90. Este artigo tem por objectivo sintetizar e comentar alguns estudos empíricos realizados a fim de responder a questões gerais sobre a relação entre as emoções e a memória. São analisadas as questões seguintes: Diferenças de recordação entre situações emocionais e situações comuns e entre elementos centrais e elementos periféricos; O efeito da intensidade emocional e do intervalo de retenção na memória em estudos laboratoriais, autobiográficos e naturalísticos;
O fenómeno da memória dependente do estado emocional; A dissociação entre emoção e memória; A complementaridade dos estudos laboratoriais e naturalísticos. Na conclusão sugere-se qual o padrão de resultados mais consensual sobre estas questões e critica-se a perspectiva de subordinação das emoções à cognição. PALAVRAS-CHAVE: Emoção, memória, recordação, trauma, excitação, stress.
As emoções com toda a sua variedade são difíceis de descrever verbalmente e representá-las com o corpo, o rosto ou a palavra é uma arte suprema. Analisá-las cientificamente tem sido uma arte em constante progresso nos últimos 20 anos. Nos anos
90 o estudo das emoções tornou-se bastante popular, tendo em conta quer o número elevado e crescente de publicações científicas nesta área quer ainda a atenção prestada pelo grande público a obras científicas, como O Erro de Descartes de Damásio (1994/1995), A
Inteligência Emocional de Daniel Goleman (1995/1997) e o Cérebro Emocional de Joseph
LeDoux (1996).
Como refere Almeida (1997), no prefácio da tradução da obra de Goleman (1995), o estudo das emoções suscitou a atenção de respeitáveis pensadores ao longo dos tempos a começar em Aristóteles e continuando em Cícero, Descartes, Hume, Darwin, W. James,
Freud, entre outros. Também no campo