Medieval
Departamento de História
História Medieval
Instituições políticas, sociais, econômicas e manifestações culturais da Idade Média ocidental
QUARTA AVALIAÇÃO
Gabriel Bueno da Silva
“A Idade Média nasceu do desprezo”. A afirmação de Bernard Guenée1 expressa bem as idéias preconcebidas e preconceituosas a respeito da idade medieval. Através de todo esse desprezo é fácil sintetizar um período que durou mais de 1000 anos: domínio da aristocracia sobre o campesinato, por meio de armas e com o apoio do clero, que manipulava toda a população. No entanto, quase todas as conotações negativas impostas ao período são oriundas das luzes que se tentaram lançar sobre o período. Ao me referir à luzes, não o faço somente por composição literária – as representações contemporâneas correspondentes ao período medieval são originadas das fraturas que se originaram na segunda parte do século XVIII e no movimento Iluminista do século XIX. O nascimento do conceito “religião” e sua ligação à opinião pessoal, datava o fim da eclessia. E o fim desta não significava apenas uma mudança no âmbito espiritual da sociedade, já que “na sua composição e extensão, a ecclesia identificava-se à sociedade da Europa medieval na sua totalidade”2. A chamada “Idade das Trevas” - adjetivação forte e poderosa - é dotada, no entanto da peculiaridade de ter uma imagem vacilante tanto no senso comum quanto no mundo acadêmico, fundamentalmente no campo que denominamos político.
É significativo o número de trabalhos relacionados a chamada “Mutação Feudal”, tema explorado pela primeira vez em 1946 por G. Duby3 e aprofundado por J.-P. Poly e E. Bournazel no livro “A Mutação Feudal”, que tratam em grande parte da transferência dos conflitos de cortes públicas para as assembléias privadas. A crítica direta a essa linha de interpretação historiográfica parte de Barthélemy, que apresenta a hipótese de que a menor recorrência