Mecanismo do glifosato
JOSÉ CLAUDIONIR CARVALHO[1] RAMIRO F. LOPEZ OVEJERO[2] PEDRO J. CHRISTOFFOLETI[3]
1. Introdução O uso de herbicidas é a prática dominante no controle de plantas daninhas. A seleção de populações de plantas daninhas resistentes a herbicidas surgiram com maior intensidade a partir dos anos 80, com o desenvolvimento de produtos altamente eficientes e seletivos, porém sensíveis ao problema da resistência, como os inibidores da ALS e ACCase. O mecanismo de ação é a forma específica pela qual um herbicida interfere de modo significativo em determinado processo biológico (Kissmann, 2003). A seguir são discutidos os mecanismos de ação dos herbicidas que apresentam alto e médio risco de seleção de biótipos resistentes.
GRUPO A - Herbicidas inibidores da síntese de lipídeos (inibidores da ACCase)
Os ariloxifenoxipropionatos e ciclohexanodionas são dois grupos químicos de herbicidas utilizados para o controle de gramíneas perenes e anuais, em condições de pós-emergência. Esses herbicidas são geralmente recomendados para culturas pertencentes à classe das dicotiledôneas (Vidal & Fleck, 1997; Christoffoleti, 2001). Apresentam como mecanismo de ação a inibição ACCase (Acetil Coa carboxilase), que é uma das enzimas responsável pela síntese de ácidos graxos. A enzima atua na fase inicial da síntese de ácidos graxos, que são constituintes dos lipídios que ocorrem nas membranas de células e organelas. Esses lipídios regulam a permeabilidade seletiva (Kissmann, 2003). Os herbicidas deste grupo são inibidores reversíveis e não competitivos da enzima ACCase (Vidal & Merotto, 2001). Neste grupo os herbicidas podem desenvolver resistência cruzada, porém isso nem sempre acontece. Por exemplo, os produtos como sethoxydim e tepraloxidim não tem