Mauss
A intenção da obra é mostrar o corpo enquanto artefato cultural, na medida em que, é por meio da educação das necessidades e das atividades corporais que a estrutura social impõe sua marca sobre os indivíduos. Mauss diz que as ciências humanas deveriam olhar o modo pelo qual toda sociedade impõe o indivíduo ao uso rigoroso de seu corpo.
Para deixar claro essas afirmações, a primeira parte do texto, intitulada “Noções de técnica do corpo”, inicia-se por dar significado ao termo “Técnicas do corpo” que assim se faz: “as maneiras pelos quais os homens, de sociedade a sociedade, de uma forma tradicional, sabem servir-se de seu corpo.” (p. 401). Através de ações como o nado, a marcha, o andar e a posição das mãos, Mauss afirma “todos esses modos de agir eram técnicas, são técnicas do corpo” (p. 407). Ao observar o exército foi possível perceber como a marcha britânica diferenciava-se da marcha francesa, ou mesmo da nossa, o que deixa evidente que “cada sociedade tem seus hábitos próprios” (p. 403).
O modo de andar nos EUA foi disseminado no cinema da França, e as jovens, mesmo francesas, passaram a caminhar como as americanas. Coloca-se que há uma educação no andar, bem como na posição das mãos. Por um simples fato da mão de determinada menina estar sobre os joelhos enquanto ela não está à mesa comendo, ou mesmo conservar a mesa o cotovelo junto ao corpo durante sua alimentação identifica-se como uma inglesa. Ainda, se estiver com os cotovelos em leque apoiados à mesa, é uma francesa. Assim, técnicas corporais associados à nacionalidade nos permitem diferenciar sociedades (inglesa da francesa, por exemplo). Isso ocorre porque cada sociedade possui um padrão de cultura a ser seguido, a qual impõe a todos os seus membros.
Segundo Mauss, não é possível ter uma visão clara de todos os fatos com uma simples consideração, mas sim fazendo um