Maurice Dobb Feudalismo
Em meados do século XX, logo após a Segunda Guerra Mundial, o professor inglês Maurice Dobb propõe-se a formular um novo modo de pensar o feudalismo. Até então, análises sobre o feudalismo fundaram-se sob um ponto de vista clássico e professor Dobb busca aplicar o método marxista de análise histórica sobre a Idade Média. Dobb inclusive recorre a fontes secundárias, visto que havia uma escassez de estudiosos marxistas que se dedicassem ao período feudal.
Em seu livro "Evolução do Capitalismo", ele discorre sobre o método, sobre problemática a respeito das fronteiras históricas do período e sobre os principais processos que acarretaram em seu declínio e a subsequente ascensão do capitalismo. É importante considerar que, nessa época, a União Soviética encontrava-se em uma posição de destaque no cenário internacional e havia uma corrente de pensadores que encaravam o momento como outra transição -- capitalismo para socialismo -- e seria de suma importância o estudo da transição precedente para entender o contexto contemporâneo.
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O termo capitalismo é usado em variáveis formas, existindo uma ausência de consenso acadêmico ao que tange o seu conceito. Dobb preocupa-se em estabelecer o capitalismo como uma contingência histórica, adotando um método que permita uma compreensão maior da história europeia moderna. Dobb descarta a perspectiva de Werner Sombart, que concluiu que o capitalismo é parte de um geist, ou um espírito de época, em que impera a ideologia burguesa de acumulação de capital. Max Weber, que via de modo semelhante o capitalismo, definiu o capitalismo simplesmente como uma produção executada pelo método de empresa. Weber enxergava o capitalismo como uma característica econômica, enquanto Sombart enxergava o capitalismo de um modo mais geral, que englobava outras facetas da sociedade. Apesar de reconhecerem o capitalismo como contingência histórica - Weber, por exemplo, aponta a Reforma Protestante como ponto de