MATIAS AIRES
Quando Matias Aires fala de sua infância, recorda-a como u m período no “paraíso perdido, pleno da festiva ocupação de um amor universal”. Integrou- se a grande São Paulo em seus onze primeiros anos de vida, aprendendo com os jesuítas a ler, a escrever e a amar as letras clássicas. Há de sua parte um empenho em aprender os rudimentos das ciências humanas e divinas que irão ocupar toda a sua vida solitária e meditativa (VITA, 1964).
Em 1711, quando da invasão francesa ao Rio de Janeiro, o pai de Matias, José Ramos, que à época já possuía uma considerável fortuna, auxiliou na resistência portuguesa financiando um exército para defender a Ilha Grande. Além disso, passou por uma pessoa pobre para poder se aliar aos franceses, desta forma, conseguiu adentrar em uma nau dos invasores, obteve informações preciosas, o que veio a favorecer os portugueses na expulsão dos franceses. Burguês, fez-se comerciante, homem de negócios; com estes recursos, financiava festas suntuosas em São Paulo, construía igrejas, auxiliava na manutenção dos conventos. Mas, faltava-lhe o título de nobre para que tudo se completasse. Integrante de uma classe social emergente e originado de pais lavradores, pensa tudo poder. Dirige- se a Lisboa e começa uma nova busca, o título nobiliárquico, através de favores prestados à nobreza lusitana falida, mas detentora dos prestígios advindos da hereditariedade.