Matemática
Coleção
Charles Dickens
Conto de Natal
Adaptação de Isabel Vieira
1a edição edição contodenatal
1
04.09.03, 9:08
Capítulo 1
Coleção Aventuras Grandiosas
Scrooge, o avarento
Para começar, quero garantir que Marley estava morto. Sobre isso não havia a menor dúvida. A CERTIDÃO DE ÓBITO fora assinada pelo padre, pelo escrivão, pelo agente funerário e pelo próprio Scrooge, seu único sócio, TESTAMENTEIRO herdeiro e amigo. Marley não tiTESTAMENTEIRO, nha parentes. Mas o fato de ser a única pessoa importante para o defunto não impedira
Scrooge de realizar um excelente negócio na Bolsa de Valores no dia do enterro dele.
Insisto em repetir que Marley estava morto, pois disso depende a compreensão da história. Se a platéia não estivesse convencida de que o pai de
HAMLET morre antes de começar a peça, ninguém estranharia seus passeios noturnos para assustar o filho nos muros do castelo, em noites de tempestade.
Scrooge nunca tirou o nome do sócio da fachada da empresa. Scrooge &
Marley era uma firma conhecida. Havia quem não distinguisse um sócio do outro.
Às vezes, chamavam Scrooge de Marley. Ele não se importava com isso e atendia por ambos os nomes.
O velho Scrooge era duro e avarento. INFLEXÍVEL nos negócios, arrancava o que podia dos clientes. Vivia RETRAÍDO e solitário como uma ostra. O frio que lhe ia na alma era visível até em suas feições: nariz grande, faces enrugadas, olhos avermelhados e voz áspera. Sua cabeça parecia envolvida num orvalho gelado.
Por onde ele passava, deixava um rastro de frieza que refrigerava seu escritório no verão e não se abrandava nem com as alegrias do Natal.
Não havia notícia de que alguém um dia houvesse parado na rua para dizer carinhosamente: “Caro Scrooge, como vai? Apareça lá em casa!” Nunca um mendigo lhe pediu esmola, uma criança perguntou-lhe as horas ou alguém pediu-lhe informações. Até os cães que guiavam os ceguinhos, quando o viam, puxavam seus