Masculinidades, identidade masculina e violência
Bruno de Paula Rosa[i]
Em praticamente todos os lugares do mundo e ao longo da história, a família vem sofrendo diversas transformações. No Brasil, como em vários outros países, por exemplo, é até mesmo difícil defini-la, tal a multiplicidade de arranjos que pode assumir, desde a família nuclear – composta por pai, mãe e filhos – até várias outras configurações. A partir dos anos 1970, apesar da dominância do modelo nuclear começam a despontar novas formas de conjugalidade. O tamanho das unidades domésticas tende a encolher, com a diminuição do número de filhos devido à queda da taxa de fecundidade feminina. Simultaneamente aumenta o número de recasamentos, de famílias ampliadas, recompostas, e de casais homossexuais com filhos de relações anteriores ou adotados. As famílias ampliadas são constituídas pelo casal, filhos e parentes diversos; as famílias recompostas são formadas por parceiros em segunda união, e com filhos de casamento anterior. Tal variedade de arranjos domésticos afeta relações familiares, espaços sociais ocupados por homens e mulheres e, por conseguinte, a própria posição masculina na família e na sociedade. A proposta da dissertação de mestrado “Jovens solteiros: identidade, subjetividade e concepções acerca do casamento” foi investigar como homens heterossexuais solteiros de camadas médias, de 25 a 35 anos, concebem sua masculinidade, como vivenciam e expressam seus sentimentos, as expectativas a respeito de relacionamentos afetivo-sexuais, suas concepções sobre casamento e a constituição de uma família. Foram entrevistados dez jovens, residentes na cidade de Ribeirão Preto - SP, com idades entre 26 e 31 anos. A coleta de dados foi realizada através de entrevistas semi-estruturadas gravadas e transcritas na íntegra e os dados foram analisados à luz de referenciais teóricos antropológicos e psicológicos. Tornar-se homem se relaciona diretamente com