Marx: quotidiano e o reflexo
Lukács no texto “Os problemas do reflexo na vida quotidiana” expõe que o reflexo é uma representação ontológica. Ele diz que: “Só o materialismo dialético e histórico se encontrará em situação de elaborar um método histórico-sistemático para a investigação desses problemas.” [1] E diz também: “... Os reflexos científicos e estéticos da realidade objetiva que se tem constituído e diferenciado, cada vez mais finamente, no curso da evolução histórica, e que tem na vida real seu fundamento e sua consumação ultima. Sua peculiaridade se constitui precisamente na direção que exige seu complemento, cada vez mais preciso e completo, de sua função social.”[2] Ou seja: só através do reflexo é que se pode investigar os problemas com relação à vida quotidiana. E diz também: “Por isso, na pureza - surgida relativamente tarde - em que descansa sua generalidade científica ou estética, constituem os dois pólos do reflexo geral da realidade objetiva; o fecundo ponto médio entre esses dois pólos do reflexo e da realidade próprio da vida quotidiana.”[3] Que quer dizer que o pensamento cotidiano nada mais é que a representação imediata. O pensamento cotidiano não tem total “transparência”, o que dificulta o seu entendimento. Para Kosik, as manifestações fenomênicas não se revelam por si só, elas apenas se mostram de maneira “superficial”. Se elas se mostrassem “inteiramente”, não haveria a necessidade da ciência para estudar os fenômenos. Kosik chama a praxis utilitária imediata o senso comum. As manifestações fenomênicas sociais se dão dentro de um contexto historicamente determinado no tempo e no espaço. Quer dizer: não se analisa nenhuma sociedade fora disso. O grau de desenvolvimento da produção determina as formas de sociabilidade. O grau de sociabilidade depende do grau de desenvolvimento do modo de produção, ou seja, quanto mais complexo é o modo de produção mais complexa é a forma de organização da sociedade. Se a vida cotidiana