MARTIN HEIDGGER; A Questão Técnica
A concepção corrente de técnica pode ser chamada de determinação instrumental e antropológica da técnica; um meio para fins e um fazer do homem, o aprontamento e o emprego de instrumentos, aparelhos e máquinas. Todo esforço para conduzir o homem a uma correta relação com a técnica é determinado pela concepção instrumental da técnica. Tudo se reduz ao lidar de modo adequado com a técnica enquanto meio.
A filosofia ensina que há quatro causas: 1. o material, a matéria a partir da qual, por exemplo, uma taça de prata é feita; 2. a forma, a figura, na qual se instala o material; 3. o fim, o sacrifício para o qual a taça requerida é determinada segundo matéria e forma; 4. o forjador da prata que efetua o efeito, a taça real acabada. Se remetermos o instrumental à quádrupla, veremos que a técnica é representada como meio.
A técnica não é meramente um meio. É um modo de desabrigar. No desabrigar se fundamenta todo produzir, que reúne em si os quatro modos da causalidade e os domina. Quem constrói uma casa ou um navio desabriga o que deve ser produzido segundo as perspectivas dos quatro modos de ocasionar. O desabrigar que domina a técnica moderna é um desafiar que estabelece a exigência de fornecer energia suscetível de ser extraída e armazenada.
O desabrigar que domina a técnica moderna tem o caráter do pôr no sentido do desafio. Acontece pelo fato de a energia oculta na natureza ser explorada, do explorado ser transformado, do transformado ser armazenado, do armazenado ser novamente distribuído e do distribuído renovadamente ser comutado. Todos estes são modos de desabrigar. O desabrigar desabriga para si mesmo os seus próprios e múltiplos caminhos engrenados, porque os dirige. traços fundamentais do desabrigar desafiante.
Questionamos a técnica para nos prepararmos para pensar na sua essência. A essência da técnica moderna se anuncia naquilo que denominamos de armação, que é o modo segundo o qual a realidade se