Martin Heiddegger - estudo
Uma das grandes metas de Sartre, no conjunto de sua obra, foi fazer valer sua definição de homem enquantoliberdade – entendendo por isso que ele é o sujeito de sua própria história (engendrando aquilo que designou como compromisso ontológico), ao mesmo tempo em que é também sujeito da história da humanidade (desdobrando-se no compromisso político), constituindo-se, dessa forma, no produtor da realidade social, da qual, dialeticamente, é também produto.
A liberdade em Sartre é um conceito ontológico. Ou seja, ela é definidora do ser da realidade humana. É preciso estabelecer, portanto, a estrutura ontológica do homem. “A liberdade, longe de ser algo a ser conquistado e conferido como prêmio – visão própria do senso comum – surge com o ser como fato contingente” (Boechat 2004, p. 116).
Sartre, ao afirmar que o homem é liberdade, indica que isso só é possível porque a realidade humana não é um si mesmo, mas presença a si, conforme postula Heidegger. Esclarece o existencialista:
O ser que é o que é não poderia ser livre. A liberdade é precisamente o nada que por ter sido no âmago do homem pressiona a realidade humana a fazer-se, em vez de ser. Nós já vimos que para a realidade humana ser é escolher-se (...). Ela está inteiramente abandonada, sem nenhuma ajuda de nenhuma espécie, entregue a sua insustentável necessidade de se fazer ser até os mínimos detalhes. Assim, a liberdade não é um ser: ela é o ser do homem, ou melhor, seu nada de ser. (...) O homem não poderia ser ora livre e ora escravo: ou ele é inteiro e sempre livre ou não o é. (Sartre 1943, p. 516)
Quer dizer, o ser que é em-si, que coincide consigo mesmo, não pode ser livre, já que está condenado ao determinismo de ser o que é. O homem, outrossim, ainda que pretenda, não consegue coincidir consigo próprio, posto que “é o que não é e não é o que é”, o que quer dizer que ele é obrigado a fazer-se, em vez de, simplesmente, ser, como vimos acima. Dessa