01 Ci ncia e fenomenologia
Jáder dos Reis Sampaio
Sempre que se discute uma pesquisa científica, está-se optando por certa produção de conhecimento que atende a determinados parâmetros ou exigências propostos por determinado grupo de pesquisadores. Um equívoco que geralmente se comete é pressupor a existência de uma teoria epistemológica única que fundamentaria a escolha dos métodos de investigação. Em meio ao pensamento administrativo, a noção de ciência mais difundida filia-se às escolas derivadas do empirismo. Mesmo nessa tradição, há muitas escolas epistemológicas concorrentes, como o empirismo lógico, o empirismo probabilista, o empirismo crítico e o empirismo evolucionista. Em ruptura à tradição empirista, tem-se inúmeras escolas de teoria do conhecimento, como a fenomenológica (e seus desdobramentos) e a pragmática.
A idéia de que o conhecimento científico é um tipo de conhecimento verdadeiro, e que a aplicação da metodologia científica conduz à obtenção da verdade, é um mito de difícil sustentação se o leitor dispuser-se a analisar atentamente os pressupostos sobre os quais se constrói uma dada teoria epistemológica.
Recebido em outubro/2000
Atualizado em novembro/2000
O QUE É CIÊNCIA?
Francis Bacon (1561-1626), ao redigir sua obra Novum organum
(1988) lançou algumas das bases da ciência moderna. Propôs que o estudo se voltasse à análise da natureza, cujos resultados pudessem permitir acumulação sistemática do conhecimento. Propôs o método indutivo como o caminho para atingir esse objetivo, por meio da experiência escriturada, que compreendia a observação sistemática e a realização de experimentos. O filósofo natural deveria observar as condições em que determinado fenômeno ocorria (tábua de presença) e as condições em que ele não ocorria (tábua de ausência), e registrar os diferentes graus de variação do fenômeno a fim de descobrir possíveis correlações entre as variações (tábua das graduações). Feitas as