É lógico que estamos lidando com uma nova forma de marcadores sociais. Eu tenho um ex aluno que se tornou barman. Fez vários cursos e faz drinques maravilhosos. Ele abriu um barzinho bem simples onde fazia drinques clássicos e também criações próprias. Ele sempre primou por ingredientes de qualidades e cobrava um preço extremamente justo (normalmente 3x o valor de custo da bebida). Vamos a comparação: na época que o bar dele funcionava (hoje em dia ele só faz festas particulares) o preço de um daiquiri feito com suco de limão natural, xarope de groselha e rum Montilla custava algo em torno de R$ 4,00. Em um outro bar da cidade o preço do mesmíssimo daiquiri (mesmas marcas de ingredientes) era de R$ 7,00. Esse outro bar ficava em um bairro dito mais chique e era frequentado pela “golden youth” da cidade. O bar do meu amigo era frequentado por uma galera mais descolada. Uma vez falando com outro aluno sobre a bobagem de ir num bar mais caro tendo um mais barato, o aluno me respondeu assim: “Quando eu vou no bar mais caro eu estou pagando não só pelo produto que vou consumir. Eu estou pagando pela mulher mais bonita que verei na mesa do lado a que quando sorrir para mim não estará faltando um dente, mesmo que seja o terceiro molar. Estarei pagando pelo fato de que serei visto em um ambiente no qual os outros vão dizer: “Nossa, ele deve ser um advogado dos bons que ganha muito dinheiro pra poder vir gastar e esbanjar aqui neste ambiente... acho que vou contratá-lo quando precisar ou vou indicá-lo para meus conhecidos” Sou um profissional do terceiro setor e como tal preciso ser visto circulando em melhores rodas e se for preciso pagar mais caro para isso, pagarei.” Um dos melhores pratos que cozinho é chamado de vaca atolada: é simplesmente mandioca cozida até que fique em ponto de fazer um mingau com costela de boi (os temperos podem variar, mas o resultado final na maioria das vezes é maravilhoso). Tem como transformar um prato desse tipo em gourmet. Creio que não.