Marajó
Cultura e Escolas-de-Fazenda: Elementos para uma Reflexão
Culture and Farming Schools: Elements for a Reflection
Sônia Maria Da Silva Araújo
RESUMO
Em Marajó vive uma gente que desenvolve atividade em fazendas dedicadas à criação extensiva, instituídas a partir da colonização, no século XVI. Esse acontecimento transformou os índios Aruã, que viviam naquele espaço, em vaqueiros e conformou a cultura marajoara que hoje lá se desenvolve. Resultante originalmente do sistema de sesmarias, as fazendas de
Marajó foram, ao longo desses cinco séculos, desenvolvendo um latifúndio perpetuado pelo privilégio de herança: são terras de família. Nessas terras, onde não há espaço público, instituiu-se, nos anos 30 de 1900, a prática da escolarização, que articulou as gentes do lugar a outros sistemas constituídos pela sociedade brasileira. A escola no interior da fazenda estabeleceu novos modos de vida fundadas na esperança daquela gente de ver seus filhos realizando um trabalho não de braço. Todavia, a própria escola que ali se instituiu dentro do latifúndio, sob o total domínio econômico de uma elite fazendeira, não consegue dar conta de transformar a esperança em realidade, pois se consolidou apartada de outros bens culturais capazes de lhe oferecer qualidade e, aprisionada em um sistema social de relações, vê-se desprovida da liberdade pública de participação.
Palavras Chave: Indios Aruã, Cultura Marajora, Escolas-De-Fazenda, Terras De Família,
Latifúndio.
ABSTRACT
In Marajó town, there is a kind of folk who develops activies in farms dedicated to extensive growth, instituted from the XVI century colonization. This happening turned the
Aruã Indians, who lived in that area, into cowboys and adhered the Marajoara culture that has been developed there now. Originally resultant of sesmaria system, Marajó’s farms, within these five centuries, have been developing a large countryside property perpetuated by the privilege of inheritance: they are