MAR ADENTRO
O filme Mar Adentro, retrata a história de um ex-marinheiro, Ramón Sampedro, tetraplégico para quem o sentido da vida se perdeu há 26 anos e que agora, luta na justiça para legalizar eutanásia e finalmente poder “morrer com dignidade”.
Para além de uma discussão sobre ser contra ou a favor da eutanásia, está aquela que se refere ao direito do indivíduo de exercer sua liberdade de escolha também no momento da morte e, assim, poder decidir quando e como morrer, já que a sua vida lhe pertence e a morte é o ápice da mesma. Sendo assim, segundo o Existencialismo, o ser humano é um ser essencialmente livre, é responsável por todas as suas escolhas, que estão inclusas em um universo de possibilidades.
Diante da morte, a possibilidade de escolha é reduzida a viver ou morrer. Considerando que a própria vida é de responsabilidade do ser vivente, não poderiam os seres humanos escolher como e quando querem morrer? Afinal, a morte revelaria a integridade da vida, manifestando o sentido da mesma, visto que, somente ao vivenciar sua própria finitude, o homem alcançaria a totalidade e a plenitude de sua humanidade, refere Brugger (1996). Deste modo, num momento único como a morte, não teria o homem o direito de morrer com dignidade, sendo respeitado em seu último desejo, mesmo que este envolva alguma prática considerada eutanásia, que a nada mais serviria além de evitar sofrimento desnecessário?
Para tal questionamento não há, ainda, respostas definitivas, mas sim caminhos que, certamente, conduzem a elas.
A prática de provocar a morte de um paciente em estado grave cuja reabilitação é descartada pelos médicos é polêmica, mesmo quando é o próprio paciente quem a solicita.
A eutanásia suscita polêmica pelas mesmas razões que fazem do aborto um motor de calorosos debates. Não há consenso a respeito da validade da prática nem mesmo entre os médicos, porque não há acordo a respeito do que sentem e pensam doentes em coma ou em estado vegetativo.
Não é à toa que a