Maquiavel
Guilherme Scalzilli
Maquiavel aponta erros dos governos fracos e diz como funciona a política por dentro.
Há duas maneiras de combater: pela lei ou pela força. Como a primeira freqüentemente não basta, é preciso recorrer à segunda. Não há lei nem Constituição que possa pôr um freio à corrupção universal.
As graves e naturais inimizades que existem entre as pessoas do povo e os nobres, causadas porque esses querem mandar e aqueles não querem obedece, são os motivos de todos os males que surgem nas cidades, porque dessa diversidade de humores se nutrem todas as outras coisas que perturbam as repúblicas.
Quando o povo percebe o encargo de velar pela liberdade, sendo menos inclinado a invalidá-la, dá conta da incumbência, e, também, sendo incapaz de violá-la ele próprio, melhor impedirá que outros o façam.
Se, nos inícios da república cristã, a religião tivesse permanecido fiel aos princípios de seu fundador, os Estados e as repúblicas da cristandade seriam mais unidos e bem mais felizes. Não há melhor indicio de seu declínio do que o fato de que os novos mais próximos da Igreja de Roma, líder da nossa religião, é que são os menos religiosos.
Em virtude dos maus exemplos que lhe vêm de Roma, a Itália perdeu toda a devoção e todo o sentimento religioso, o que dá origem a uma infinidade de desregramentos e de desordens: porque assim como a presença da religião pressupõe todo tipo de bem, sua ausência dá a entender o contrário. Mas nós lhe devemos outra coisa, ainda mais importante, e que é a segunda das causas de nossa ruína: terem mantido e manterem sempre o nossos país dividido.
E se a Itália não chegou a isso e não se encontra igualmente unida sob a autoridade de uma só república ou de um só príncipe, a única responsável é a Igreja. Ela conseguiu instalar-se na península e aí deteve um poder temporal. Mas, por outro lado, ela não foi nem bastante hábil para impor sua supremacia e assegurar-se da soberania; e, por outro, nunca foi tão