manuscritos de karl mark
A Relação da Propriedade Privada
(XL) . . . forma os juros de seu capital. O trabalhador é a manifestação subjetiva do fato de o capital ser o homem inteiramente perdido para si mesmo, assim como o capital é a manifestação objetiva do fato de o trabalho ser o homem perdido para si mesmo. Contudo, o trabalhador tem o infortúnio de ser um capital vivo, um capital com necessidades, que se deixa privar de seus interesses e, conseqüentemente, seu ganha-pão, todo momento em que não se acha trabalhando. Como capital, o valor do trabalhador varia conforme a oferta e a procura, e sua existência física, sua vida, foi e é considerada um estoque de mercadoria, similar a qualquer outra. O trabalhador produz capital e o capital produz o trabalhador. Assim, ele se produz a si mesmo, e o homem como trabalhador, como utilidade, é o produto de todo esse processo. O homem é simplesmente umtrabalhador, e como tal suas qualidades humanas só existem em proveito do capital que lhe é estranho. Como trabalho e capital são estranhos um ao Outro, e por isso relacionados unicamente de maneira acidental e exterior, esse caráter de alienação tem de aparecer na realidade. Logo que ocorre ao capital — seja forçada seja voluntariamente — não existir mais para o trabalhador, ele não mais existe para si mesmo: ele não temtrabalho, nem salários, e como existe exclusivamente como trabalhador e não como ser humano, pode perfeitamente deixar-se enterrar, morrer a míngua, etc, O trabalhador só é trabalhador quando existe como capital para si próprio, e só existe como capital quando há capital para ele. A existência do capital é a existência dele, sua vida, visto determinar o conteúdo de sua vida independentemente dele. A Economia Política, pois, não reconhece o trabalhador desocupado, o homem capaz de trabalhar, uma vez colocado fora dessa relação de trabalho. Vigaristas, ladrões, mendigos, os desempregados, o trabalhador faminto, indigente e criminoso, são figuras não existentes