Manifestações
Em junho, a rua soltou a voz; a polícia, o gás lacrimogêneo; e esse fermento ajudou o país a deixar de ser, ao olhos do mundo, a terra da bola e do samba, para virar lugar de futebol e manifestações. Depois de 24 dias de protestos, tudo parece estar em um novo lugar: passagens de ônibus ficaram mais baratas, o deputado Natan Donadon está preso, o Senado aprovou a corrupção como crime hediondo, a PEC-37 foi derrubada, a reforma do sistema político voltou à pauta.
— O futebol é bom para que as pessoas não pensem em coisas perigosas — disse, nos anos 1960, o presidente do Atlético de Madri, Vicente Calderón, em entrevista a uma emissora de TV.
A máxima não funcionou no Brasil durante a Copa das Confederações. Pior, foi justamente o futebol — e a quebra de promessas feitas há seis anos, quando o país foi anunciado como sede da Copa de 2014 — que turbinaram as manifestações, levando para as cidades-sede do torneio os atos mais violentos e mais volumosos. Eles aconteceram em Salvador, Belo Horizonte, Fortaleza, Brasília e Rio de Janeiro.
Em São Paulo não houve jogo da Copa das Confederações, mas nem por isso as reclamações sobre os gastos da Copa deixaram de habitar os cartazes dos protestos na capital paulista.
Para construir 12 estádios estão sendo gastos R$ 7,1 bilhões — R$ 1,2 bilhão além do que havia sido planejado em 2010 (R$ 5,9 bilhões). O orçamento total, que inclui obras em aeroportos, de mobilidade urbana e de segurança, soma R$ 28,1 bilhões. Desse total, aproximadamente 85% são financiados pelo poder público, seja por meio de investimentos diretos ou de empréstimos com juros reduzidos. Tudo a