manifestaçoes
Na retórica, o ethos é um dos modos de persuasão ou componentes de um argumento, caracterizados por Aristóteles. O ethos é a componente moral, o caráter ou autoridade do orador para influenciar o público. As outras componentes são o logos (uso do raciocínio, da razão) e opathos (uso da emoção).
A proposta fundamental deste estudo é explorar, de uma perspectiva lingüística, que é a da análise do discurso, a maneira como se coloca a questão do ethos oratório como componente da eficácia na persuasão. Articulando o campo lingüístico da análise do discurso com o âmbito da retórica e da teoria da argumentação, explora-se a diversificação do ethos em razão dos tipos e gêneros de discursos. Para isso, analisam-se excertos de dois tipos de discurso – didático e político – evidenciando laços de maior ou menor comprometimento mantidos por esses tipos de discurso com a função do ethos, ou seja, com os traços que visam a engendrar no público uma disposição em relação ao orador. Conclui-se em torno da idéia de que a credibilidade do orador, o seu poder de persuasão seja “o efeito de seus ethos manifestado no discurso” (Aristóteles)
Iniciemos, então, apresentando a definição e os desdobramentos do ethos.
Parte integrante do discurso, o ethos propõe-se como condição mesma da menor ou maior eficácia dos efeitos decorrentes do pronunciamento discursivo. Firma-se bem como um dos recursos mais poderosos para a obtenção da adesão do ouvinte.
Lembra-nos Ducrot (1984, p. 201), quando define: “o ethos está ligado ao locutor como tal; é como origem da enunciação que ele se vê investido de certos caracteres que, em contrapartida, tornam essa enunciação aceitável ou recusável.”
Demonstrativo da autoridade de que goza o locutor, é sob a força da competência que o ethos se faz canal da sintonização entre orador e ouvinte.
Dessa sintonização decorre a constituição do discurso visto sob duas perspectivas, ou seja, uma perspectiva interacional –