Malha urbana
A Morfologia Urbana da Cidade do Funchal e os seus espaços públicos estruturates
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Capítulo 1 A cidade e a sua morfologia urbana 1.1 A cidade
Teresa Barata Salgueiro, no seu livro “A cidade em Portugal”, começa por afirmar que a “cidade refere-se a um aglomerado populacional que a dada altura foi elevado a esta categoria por uma 19 entidade político-administrativa (Rei ou Parlamento)” . Mais à frente lembra que “tradicionalmente para a Geografia cidade é uma forma de povoamento” e que “a cidade é uma entidade individualizada com certa dimensão e densidade onde se desenrola um conjunto 20 expressivo e diversificado de actividades” . A cidade não é apenas um título, uma qualificação. Também 21 não é só “uma forma de povoamento” ; um espaço destinado à produção e à distribuição de bens e serviços ou, ainda, “um modo 22 de vida” . É antes de tudo “o espaço produzido resultante do meio físico e da acção humana, que participou no nascimento e desenvolvimento urbano e oferece agora, à cidade contemporânea, um quadro susceptível de ser modificado e de pesar, por sua vez, na cidade numa longa sequência de pontos e contrapontos nunca
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Salgueiro, T. (1992). A cidade em Portugal. Uma Geografia Urbana. Porto: Edições Afrontamento, pág. 19. 20 Idem, op. cit., pág. 26. 21 Entendida como forma de ocupação do território. 22 Pois o modo de vida urbano, sendo um produto da cidade, não é exclusivo desta. (Ibidem)
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MALHA URBANA Nº 10 – 2010
Luísa Catarina Freitas Andrade Bettencourt
interrompidos” , ou seja, é o produto acumulado das características do lugar e de sucessivas decisões de diferentes actores, com objectivos e recursos diversos, que ao longo do tempo se vão influenciando mutua e continuamente pelas suas decisões. A cidade é o resultado de uma relação íntima entre o lugar e 25 o espaço , um palco de transformações e interacções de apropriação e de memórias dessas mesmas apropriações. Em cada cidade existe um “antes” e