Malcriado brasileiro - redação opinativa
Após ler o texto do “malcriado brasileiro”, eu me peguei pensando em um caso que se passou comigo que, hoje me mostrou que eu mesmo era/sou uma malcriada brasileira. O fato ocorreu em 1999, quando minha família e eu nos mudamos para o interior de Goiás. Pra uma criança de Brasília, me irritava ter que morar num lugar tão primitivo, vazio, onde todo mundo conhece todo mundo, sem lugares para diversão, nada.
Logo na primeira manhã, eu fui à padaria e foi uma das experiências mais engraçadas que já me ocorreram. Todas, repito, TODAS as pessoas me desejavam um bom dia, sorriam para mim ou fazia algum gesto educado. Na época, eu achei a coisa mais estranha do mundo, apenas comprei o que tinha que comprar e voltei correndo para casa, sem responder à todos os “bom dia”. Com o tempo, eu fui me acostumando e foi assim até eu voltar para Brasília.
Hoje eu percebo que todos nós somos malcriados, todos estamos tão preocupados com as nossas vidas, os nossos problemas, que nem nos importamos em dar assistência para os outros, estamos tão acostumados a ver mendigos pelas ruas, que passamos por eles sem ao menos lançar um sorriso encorajador e nem sequer um olhar, como se fizessem parte da decoração brasiliense. É tudo tão comum, que aprendemos a nos fechar e nos proteger de toda a pobreza da cidade, passamos a não nos importar se fulano de tal está com fome ou se cicrano está com problemas, e isso nos afasta cada dia mais, tanto que não nos sentimos a vontade para dar um sorriso para a outra pessoa e desejar-lhe um bom dia, e quando o fazemos, é sempre aquele sorriso sem graça, como se dissesse: “Por que está sorrindo para mim? Sorrirei de volta para ser educada, mas pare já, eu não te conheço!”.
Tem vezes que eu sou assim, estúpida, egoísta, seca e alheia ao mundo lá fora, e outras vezes sinto uma vergonha imensa do mundo, me abro e ofereço ajuda, soluções, sorrisos, abraços e apertos de mão, sem problemas, sem falsidade. Acho que tenho