Maio De 68
Olgária
Chain Féres.
Tardes deUSP, maio. S.
Tempo
Social;
Rev.13-24,
Sociol. USP,
S. Paulo,
D O de 1998.
S S I Ê
Tempo
Social;
Rev. Sociol.
Paulo,
10(2): outubro de 10(2):
1998.13-24, outubro
MAIO DE 68
Tardes de maio
OLGÁRIA CHAIN FÉRES MATOS
RESUMO: Considerando o Maio de 68 uma abreviação do tempo histórico que condensa várias experiências do político, este trabalho procura traduzir o passado no presente, no sentido benjaminiano da comemoração. Comemorar uma data significa nascer em cada novo aniversário. Procura-se mostrar uma verdadeira mutação do imaginário coletivo que desconhece a transcendência do poder e a eficácia de suas leis. O movimento não se pautou nem pelo ideário da "sociedade do espetáculo" nem por suas leis. Reunindo o poético e o político, afirmou a verdade triunfante do desejo. Seja compreendido como levante, revolta ou revolução, pode-se dizer ter sido um "ensaio" da revolução que, pela não violência, por uma generosa cultura do cosmopolitismo e do internacionalismo, indicou a passagem do "socialismo científico" ao socialismo, finalmente possível – o utópico. Reflete ainda sobre os ícones revolucionários e suas ressignificações, estabelecendo a diferença entre o herói mítico e o herói histórico, entre Lenin ou Trotsky, Rosa Luxemburgo ou Fidel e o mítico Guevara.
UNITERMOS: revolução, utopia, heroísmo, violência, desejo, fetichismo.
B
enjamin denominou “a capital do século XIX” a cidade de Paris.
Não apenas a capital do Capital, mas também a capital política da
Europa, dos Tratados de Paz e dos êxtases revolucionários: 1789,
1830, 1848, 1871, 1891, 1936, 1968. Neles algo novo e generoso se manifesta e uma utopia passa a ser vivida, tornando-se real. Trotski, em sua
História da Revolução Russa, como Marx antes dele, dizia não haver nada mais belo do que uma Revolução em seu começo, quando tão de perto se assemelha a um enamoramento. E da Comuna de Paris (1871) Marx escreveu: foi um “assalto ao céu”. Por 72 dias as passagens e